Lésbica, bissexual, homossexual, transgênero, intersexual, assexual, queer…

Será que isso vem em primeiro lugar quando você se apresenta ou se lembra de alguém?

É preciso cuidado pois rótulos podem ser destrutivos. LGBT, judeus, negros e várias outras pessoas sofrem ou já sofreram perseguição, violência e exclusão por causa de rótulos.

Rótulos nos faz ter olhares superficiais. Nos faz ignorar por exemplo, que pessoas transgênero são pessoas (únicas) com muitas outras características, e não simplesmente transgênero. Ou seja, etiquetar as pessoas, nos torna tóxicos, pois nos faz negligenciar todas as outras características importantes que a pessoa também possui.

No mundo de hoje, é muito comum as pessoas se comunicarem através de rótulos.

E dentro do meio LGBT não é diferente. Vemos pessoas mais novas discriminando as mais velhas, gays com trejeitos femininos sendo desrespeitados por “gays heteronormativos”, pessoas acima do peso ou de baixo poder aquisitivo sendo ridicularizadas.

Mas além disso, não só as outras pessoas podem te “catalogar”, como você pode fazer isso com você mesmo. Por exemplo, se alguém carrega o “título” de GAY, ele pode (sem perceber) acabar se afastando de todas as outras pessoas que não compartilham o mesmo rótulo e escolhendo assim se aproximar somente daquelas pessoas que também estão dentro desta “categorização”. Em casos como esse, provavelmente não está se relacionando porque existe ali um desejo profundo de se conectar e ser íntimo deste outro “igual”, mas porque está encarnando um rótulo e acredita que seu lugar é ali com pessoas “como ele”. E o contrário também pode acontecer, pessoas que se afastam do meio LGBT dizendo que aquele não é um lugar bom para ela. Mas está claro que em ambos os casos, estão vivendo a partir de rótulos. Por causa disso, muitas vezes perdem oportunidades de se aproximarem de pessoas que realmente importam e que elas de fato admiram!

Por isso, se não soubermos usar bem as palavras para descrever as nossas características, provavelmente iremos usá-las de uma maneira danosa, opressora, manipuladora ou limitante.

Não que devemos deixar de usar as palavras para descrever certas características. Até porque as palavras são necessárias para facilitar a nossa aceitação e o nosso entendimento das coisas. Mas a questão é a forma e o contexto em que usamos as palavras.

E quando as palavras são usadas de um jeito preconceituoso, elas nos impedem de enxergar nossa verdadeira essência e o quanto somos únicos.

E aí caímos mais uma vez no vício de a tudo e a todos rotularmos. Porém, isso trás prejuízos para todos. Afinal, quantas coisas não deixamos de ganhar ao sermos levados por julgamentos?

Quantas pessoas incríveis, e experiências inesquecíveis não se pode perder por causa disso?

Mas para pararmos de rotular as outras pessoas, é essencial primeiramente identificarmos se a forma como estamos vivendo tem sido genuína e não somente para corresponder a expectativa alheia.

Sim, porque só podemos ser gentis e afetuosos com as outras pessoas, quando estamos com (o tão famoso) amor próprio “em dia”. Assim, precisamos ser honestos com nosso verdadeiro eu e olhar para nosso interior, e nos permitirmos nos aceitar como realmente somos. E é provavelmente aí que você inicia a sua vida, e não aos 40 anos (nem aos 50, ou 60…), como dizem por aí. Claro que nunca é tarde demais para começar a vida. Mas você deixa de simplesmente existir e passa a viver, a partir do momento que você se propõe a descobrir QUEM você é e não O QUE você é, e portanto, decide aceitar a sua verdade. Só assim você terá condições de enxergar e aceitar as outras pessoas em suas totalidades.


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