Por que nos apaixonamos? Será que escolhemos por quem nos apaixonar?
Provavelmente não é possível entendermos 100% das razões pelas quais nos apaixonamos, mas talvez seja possível entender a essência disso.
Não nos apaixonamos pela pessoa que mais consideramos perfeita. Pelo contrário, pessoas “perfeitas” costumam ser as mais rejeitadas nos relacionamentos, talvez pelo fato de serem perfeitas demais e consequentemente fazerem as outras pessoas até se sentirem mal, se sentirem piores, entediadas e longe de especiais.
E mesmo quando admiramos certas qualidades em alguém, isso não garante que iremos nos apaixonar por ela. Aliás, às vezes nos apaixonamos por pessoas que inclusive possuem as características que mais detestamos.
E não nos apaixonamos por quem só nos cobre de elogios ou admiração.
Nos apaixonamos por quem é de verdade e nos inspira, por quem nos desafia a ser quem gostaríamos de ser, por quem acaba nos levando a mudar aquilo que no fundo estamos insatisfeitos, nos apaixonamos por quem nos tira da nossa zona de conforto, que nos faz enxergar coisas que antes não percebíamos, que nos motiva a mudar as nossas percepções.
Nos apaixonamos por qualidades que acreditamos que o outro tem (e às vezes ele nem possui essas qualidades, mas por cegueira da paixão, enxergamos até o que não existe).
Nos apaixonamos quando acreditamos que o outro pode nos completar com as qualidades que acreditamos que nos falta.
Nos apaixonamos como forma de fuga de nós mesmos e da nossa realidade.
Nos apaixonamos para repetirmos histórias que ainda não superamos.
Nos apaixonamos por pessoas com quem mais tarde provavelmente teremos conflitos que precisam ser resolvidos.
Nos apaixonamos porque gostamos da sensação de estar apaixonados.
Nos apaixonamos para nos sentirmos mais fortes e assim superarmos desafios.
Nos apaixonamos porque isso nos faz sentir mais vivos e especiais.
Nos apaixonamos para aprendermos novas lições.
Nos apaixonamos para aprendermos a nos enxergar de outras maneiras.
Mas se apaixonar pelo outro pode ser tão fácil (e passageiro) quanto se desapaixonar.
Porque muitas vezes construímos uma ilusão em cima do outro e aí quando enxergamos a verdade nua e crua, nos desiludimos, aí ou nos esfriamos ou nos machucamos.
Então nos desapaixonamos porque a forma de interagir com o outro não nos agradou.
Nos desapaixonamos porque aquele relacionamento que estava sendo construído não era assim tão interessante para o nosso crescimento.
Nos desapaixonamos porque a relação estava morna ou previsível demais.
Nos desapaixonamos quando entendemos que não podemos entregar de bandeja nossa felicidade nas mãos de outra pessoa, que nossa felicidade é principalmente, a nossa responsabilidade.
Mas também nos desapaixonamos, porque sentimos que é hora de viver outras coisas, de buscar outros objetivos, ou porque queremos nos reencontrar. E na melhor das hipóteses, nos desapaixonamos porque o amor quer ali entrar.
A paixão e o amor são muito valorizados entre nós. Todo mundo vibra quando alguém está apaixonado e está sendo correspondido. Ter uma paixão correspondida pode mesmo ser uma maravilha. Principalmente quando evolui para algo ainda maior, que é o amor. E ninguém vive bem sem o amor. Mas e o amor-próprio? Se apaixonar pelo outro não te impede de também se apaixonar por si mesmo. Por que não nos permitirmos ter amor próprio incondicional? Por que não começarmos a desenvolver em nós aquelas características que mais admiramos nas outras pessoas? Por que não começarmos a nos dar carinho e atenção suficiente da mesma forma que fazemos por aquele alguém especial?Infelizmente o amor-próprio ainda é muito mal interpretado, criticado e evitado. É visto como egoísmo (como se só existisse o lado inútil, ruim e danoso do egoísmo).
Obviamente não me refiro aqui ao amor narcisista, pois esse é artificial, desmedido e tóxico. Falo aqui de verdadeiramente nos apaixonarmos por nós mesmos, porque quanto mais nos garantirmos atenção e carinho, provavelmente menos iremos nos tornar reféns do amor. Talvez seja exatamente por isso que quando demonstramos estar interessados mais no outro do que em nós mesmo, afastamos aquela pessoa. Por isso dificilmente as pessoas aceitam o amor de quem se rejeita, é como se isso fosse um sinal de que algo deve ser repensado. E além disso, não tem nada mais atraente do que alguém que verdadeiramente se cuida. E a sensação de se apaixonar por si mesmo também pode te fazer sentir maravilhas! E o melhor é que isso não só não te impede de continuar a se interessar pela outra pessoa, como torna o seu interesse ainda mais genuíno.
A única diferença é que antes de tudo você é o seu primeiro amor. E aí, não importa o quão sozinho você se sinta ou esteja, você sabe que você é a pessoa com quem mais pode contar neste mundo! Por isso, se apaixone por você mesmo, isso é essencial para o seu próprio bem.
E ao aprendermos a nos valorizar, temos mais condições de fazer escolhas mais conscientes e cautelosas, pois não estaremos mais tão entregues ao desespero de aceitar migalhas de qualquer amor. Esse talvez seja o primeiro passo para ter relacionamentos mais satisfatórios. Mas é importante lembrar que amor próprio não se constrói da noite para o dia, e nem é definitivo, mas se constrói (e só se mantém) através da busca constante do autoconhecimento e da autoaceitação.
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