Olhar para dentro é difícil, não teria como ser diferente.

Antes do isolamento vivíamos imersos na rotina: esperando o próximo fim de semana, esperando as próximas férias, esperando que algo acontecesse para que realizássemos nossos sonhos. Esse movimento para o futuro e para fora nos mantém organizados, produtivos e em movimento, mas, em muitos momentos, nos mantém vazios. É necessário que a gente olhe para dentro e se questione sobre o agora, sobre nossas escolhas. Viver somente em um destes extremos, como em tudo na vida, é problemático.

A quarentena nos colocou obrigatoriamente neste movimento de olhar para dentro porque o mundo lá fora ou está parado, ou está mais lento, ou está mudando. E nós já percebemos que não vamos sair desse isolamento da mesma forma que entramos.

E aí, quando olhamos para dentro, pode ser que a gente perceba que a nossa rotina que nos faz "ir levando" de fim de semana em fim de semana, de férias em férias, não nos faz feliz. Que o nosso relacionamento amoroso está mantido por comodismo. Que a nossa carreira não nos traz satisfação pessoal.  

Talvez seu relacionamento amoroso já estivesse balançado, e a convivência diária com essa pessoa tenha chegado a um ponto em que não é mais possível seguir juntos. 

Pode ser que a sua carreira estivesse indo: você estava acostumado com seu trabalho, sempre a mesma rotina, o salário no fim do mês que paga as contas e põe comida na mesa mesmo que, diariamente, toda vez que seu despertador tocasse você se perguntasse porque mesmo trabalhava nesse lugar. E agora, ao poder estar mais tempo em casa você tenha se dado conta do quão tóxico aquilo tudo era pra você. 

Muitas pessoas sabem, lá no fundo, que não querem mais se manter como estão, sabem que desejam mudar. Só que pode ser muito difícil deixar a zona de conforto, ou pode ser que você nem saiba como sair daí. Seria bom se fosse fácil, mas não é.

E a verdade que está sendo esfregada diariamente na nossa cara com o aumento do número de casos e de mortes é: se eu morrer HOJE por causa desse coronavírus, eu ficarei feliz com a vida que levei até aqui?

E pode ser que a sua resposta sem filtro, honesta, para você mesmo seja: NÃO. E isso pode ser muito perturbador.

E o que você faz com isso agora?

Tem um exercício simples que eu acho muito produtivo: imagine que a Morte bateu na sua porta dizendo que veio te buscar. Você, claro, vai tentar negociar porque você ainda tem muitas coisas para realizar nesta vida. Pense em três argumentos para convencê-la de que você merece viver, MAS estes argumentos não podem ser que você é necessário na vida do seu cônjuge, ou para cuidar dos seus pais, ou para ver seus filhos crescerem, ou porque a empresa precisa de você. Quem é você e o que faz seu coração vibrar para além destes papéis sociais que você ocupa?

Além disso;

  • Se você não está feliz hoje, com a sua rotina e suas escolhas, dificilmente vai ser feliz no futuro se mantiver o mesmo caminho. Ajustar rotas pode ser necessário.
  • O que você faria se dinheiro não fosse um problema? Continuaria no mesmo trabalho, mudaria sua carreira ou não trabalharia nunca mais?
  • Quando você pensa no seu relacionamento amoroso: como seria ficar com essa pessoa mais 5 anos? 10 anos? 20 anos? Se seu coração apertou ao ler isso, talvez seja hora de rever algumas coisas.
  • Preste atenção aos seus sentimentos neste momento. Dê "nome aos bois".

Pode ser que você tenha ficado muito angustiado ao ler este texto e perceber que se identifica com ele. Pode ser que você esteja com medo ao se dar conta de que precisa mudar, ou pode ser que você não queira nem pensar nisso, tamanho o pavor que isto te provoca. Está tudo bem se sentir assim. Respira. Acolha esse sentimento.

Mas saiba que é possível ajustar o seu caminho e fazer mudanças que façam sentido para você, aos poucos, no seu ritmo. É possível viver uma vida plena de sentido, que te traga um senso de realização pessoal e preenchimento. É sempre possível fazer novas escolhas. 

Vamos juntos?

Instagram: https://www.instagram.com/reencontrando_sentido/

(créditos da foto: Justin Luebke on Unsplash)


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