Estamos todos neste momento vivendo uma situação que jamais pensamos viver: isolados dentro de nossas casas, tendo que adaptar nossas rotinas a um novo ambiente, com novos horários, de modos diferentes. Tudo isso sem saber quando voltaremos à "normalidade". 

Por que então falar de perdas?

De modo geral, as pessoas associam perdas com a morte física: essa é, sem dúvida, a perda mais difícil que enfretamos. Mas a quarentena nos traz outras perdas para as quais precisamos olhar.

Perda do mundo como a gente conhecia

De repente, toda a nossa rotina, todo o nosso planejamento, tudo aquilo que a gente considerava como certo, desapareceu. Alguns precisaram parar de trabalhar e estão preocupados em como pagar as contas. As crianças precisaram parar de ir para a escola e agora as mães precisam assumir muitas vezes o papel de educadoras, além de todos os outros que já desempenham. Algumas pessoas precisam continuar indo para o trabalho e precisam lidar com os riscos que isso envolve. Todas essas perdas são reais e impactam diretamente no modo como organizamos a nossa vida.

Perda do futuro planejado

Talvez você estivesse pensando que 2020 ia ser "o" ano. Estava cheio de planos: para o trabalho, para a família, para os estudos, para viagens. Alguns destes planos talvez fossem a realização do sonho de uma vida inteira. Mais uma vez, de repente, somos forçados a colocar tudo em compasso de espera porque não sabemos nem como, nem quando, essa situação vai melhorar. Não sabemos quanto tempo mais precisaremos ficar isolados, não sabemos como as coisas estarão quando este isolamento acabar. 

Perda da sensação de segurança e controle

Todos os dias nós nos levantamos e nos preparamos para mais um dia, no estilo daquela música do Chico Buarque: "todo dia ela faz tudo sempre igual...". A rotina nos traz segurança, nos organiza, e nos coloca numa posição de que controlamos nossa vida. Mas o vírus chegou e nos mostrou que, na verdade, controlamos muito pouco. O isolamento e as notícias nos colocam numa posição de medo, de insegurança, de não saber. Temos medo de ficar doentes, temos medo de morrer, temos medo que a doença leve alguém que amamos.

 

Todas estas perdas são esperadas e são comuns em uma situação tão diferente quanto a que estamos vivendo. Elas trazem junto delas sentimentos de medo, de insegurança, de ansiedade, de tristeza e até mesmo de raiva. Talvez você esteja se sentindo assim e eu gostaria de dizer que isso é normal. Mas isso não pode e não deve paralisar sua vida. Mais importante: é sempre possível olhar para dentro e nos reinventarmos: descobrir novas possibilidades, novas formas de ver a vida, de organizar nossa vida, novos desejos e novos caminhos. 

Olhar para estes sentimentos e acolher estas perdas são o caminho para que possamos cuidar de nossa saúde mental e para que a gente consiga, ao fim do período de isolamento, estar bem o suficiente para retomar nossas atividades, enfrentar o que quer que seja que o mundo nos reserva e reencontrar sentido para nossa vida. 

Vamos conversar?

 

Andressa Fidelis

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