Trago algumas contribuições teóricas que nos servem de ponto de referência, para nos manter conectados com o contexto de nosso trabalho, enquanto terapeutas de mente sistêmica. A mente sistêmica é orientada para padrões que conectam pessoas, ações, contextos, acontecimentos, vínculos, ideias, crenças, numa sequência de relações recursivas.

       O pensamento sistêmico, que atualmente tem suas ideias debatidas no mundo inteiro, diferentemente do psicodinâmico, que trabalha focalizando o indivíduo, em que o self é colocado como um agente autônomo e central e  as relações são formadas a partir de selves individuais separados, trabalha tirando o foco do individual para focar nas relações. Nesta abordagem,  o cliente não fica limitado ao diagnóstico, pode construir formas alternativas de falar, agir, ver o mundo e o futuro.

       O enfoque sistêmico possui linhas argumentativas diferentes,  que se desenvolveram por meio de tradições acadêmicas diversas, entre elas, podemos citar a Terapia Familiar Estratégica; Estrutural; Experiencial; de Milão. Além de abordagens mais recentementes, como a Construtivista; Construcionista; Narrativista; mas que em termos epistemológicos foram convergindo entre si.

       O profissional sistêmico prioriza o contexto relacional, incluindo aspectos desenvolvimentais, transgeracionais e ecológicos. Essa ênfase honra todas as escolas, permitindo que tenham voz, convidando-as para o diálogo. O que se ganhou com todas essas contribuições, até agora, foi um vasto crescimento de novas e ricas formas de conhecimento, que podem criar a realidade ao invés de refleti-la.

       A epistemologia relacional sistêmica trabalha com as famílias de origem, propondo um modelo de trabalho, que se desenvolva dentro do contexto relacional, no qual as pessoas estão inseridas. Neste contexto, há uma rede de relações em que padrões de interação se conectam ao longo do tempo (transmissão intergeracional), por meio de processos circulares.
No campo da terapia, encontramos novos e corajosos movimentos que a entendem, não como uma tentativa de dizer o que está errado com a pessoa e curá-la, mas como olhar para “o que está errado” enquanto uma construção, tornando o processo terapêutico uma forma de reconstrução.
       

       Se quisermos criar alternativas, expandir os horizontes de possibilidades e entrar no sistema familiar, atravessando sua cultura, se fará necessária a implicação e colaboração por parte da família.

 

Marcelo Souza

Especialista em Terapia de casal e família pelo ITFSP - Instituto de Terapia Familiar de São Paulo 

Sócio Titular da APTF - Associação Paulista de Terapia Familiar 

E-mail: contato.psico.marcelo@gmail.com

Ao amor como motor e fio condutor sempre! :-)

 


Ver mais artigos publicados por Marcelo Souza


Conteúdo relacionado