Você pode estar se perguntando: por que eu preciso saber a diferença? Como psicóloga, eu acredito que o conhecimento pode nos ajudar a lidar com as situações que nos apresentam no dia a dia. Logo, quem nunca ouviu falar em Síndrome do Pânico? Muitos de nós, sem dúvida alguma, porém esta nomenclatura está equivocada e é isso que vou explicar neste texto.

Antes de falar sobre o mal que nos acomete, que tal falar sobre o bem que possuímos? A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Logo, para entender o que nos faz bem, precisamos pensar de maneira global, em várias dimensões, com toda a complexa rede que somos como seres humanos.

Partindo para o oposto, para ser diagnosticado como doença, a condição do paciente deve ter os seguintes critérios: ter uma causa reconhecida; manifestar-se por meio de uma sintomatologia específica (ou seja, um conjunto de sinais – visíveis, ex. manchas no corpo - e sintomas – subjetivos, ex. angústia); e provocar alterações no organismo, sejam elas visíveis ou detectadas por meio de exames.

Para entendermos, vamos aos exemplos. Doença de Chagas, Dengue, Câncer e Pneumonia são quatro de várias doenças que podemos apresentar. A primeira delas é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Seus sintomas são febre prolongada (mais de 7 dias); dor de cabeça; fraqueza intensa; inchaço no rosto e pernas. Percebeu o preenchimentos dos critérios?

Já as síndromes, podem apresentar diversas causas, não apenas uma definida, para um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem ao mesmo tempo no paciente. Dessa forma, alguns pacientes diagnosticados com síndromes podem nunca chegar a um veredicto definitivo sobre a causa de seus sinais e sintomas.

Curiosidade: Uma síndrome costuma ser chamada pelo nome do cientista que primeiro a descreveu (como síndrome de Down, por exemplo). Outras vezes recebe o nome em referência à geografia ou história: síndrome de Estocolmo, por exemplo, em referência a um assalto que ocorreu em Estocolmo em agosto de 1973.

Que tal um exemplo? Síndrome do Túnel do Carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo cujos principais sintomas são dor na mão e no braço com dormência ou formigamento. Pode ter várias causas como a L.E.R. (Lesão do Esforço Repetitivo), ou causas traumáticas (quedas e fraturas) entre outras.

Por fim e não menos importante, vem os transtornos que são mais utilizados na Psicologia e Psiquiatria. Classificamos desta maneira o estado alterado da saúde do indivíduo que apresenta anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental causando incômodo seja em suas ações no dia a dia ou na personalidade, trazendo sofrimento ou incapacitação. Diferente da síndrome e da doença, é difícil estabelecer os sintomas específicos e as causas dos transtornos que podem ser resultado de aspectos biológicos (como o déficit ou o excesso de produção de um neurotransmissor) e psicológicos (a forma como o paciente se comporta e interage com o ambiente).

Os exemplos são os mais variados: transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno alimentar, transtorno depressivo, transtorno do pânico (lembra do início do texto?) etc. Quem nunca sentiu ou conviveu com alguém que possui um destes transtornos e se perguntou: Mas por que? De onde vem isso? São várias possibilidades de causas, mas sem comprovação definitiva e isso é difícil de lidar, pois muitos precisam de razões biológicas para sentirem a segurança de algo palpável. Daí a resistência em entender que na área de Psicologia e Psiquiatria não se fala de cura, mas aprender a manejar os sintomas. Mas isso é assunto para outro texto...

Mas o que eu vou fazer com estas informações? Eu te explico. O primeiro ponto é não se apavorar com os nomes que soam estranho, pois agora estão mais claros. Além disso, para cada um deles, há remédios e tratamentos específicos e quanto mais entendemos o quadro clínico que está acontecendo comigo ou com alguém que eu gosto, melhor posso favorecer a plena recuperação e aumentar a qualidade de vida do indivíduo.

 

REFERÊNCIAS:

ABCMED, 2016. Diferenças entre síndrome e doença. Disponível em: http://ead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/67/ETAPA%20%201_%20Texto%202_Diferenca%20entre%20sindrome%20e%20doenca.pdf Acesso em: 15 abr. 2020.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014

Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul

Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997.

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Diferença entre doenças, síndromes e transtornos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/diferenca-entre-doencas-sindromes-transtornos.htm. Acesso em 15 de abril de 2020.


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