A habilidade de resolver problemas é classificada como importantíssima na vida adulta, por vezes questionada em entrevistas de empregos e estimulada em relacionamentos amorosos; contudo, pode ser desprezada durante a infância e a adolescência.

É inevitável que, em algum momento do seu desenvolvimento, a criança ou adolescente enfrentará situações que sejam difíceis, e é comum que nesse momento experimente sentimento de insegurança, medo ou mesmo ansiedade.

Na busca por entender como lidar com esses sentimentos e resolver a situação que está enfrentando, a criança vê no adulto um modelo a ser seguido, e por vezes pode buscar ajuda. E, é nesse momento, que agimos de forma equivocada.

Quando nosso filho ou sobrinho está diante de uma situação delicada numa reunião de família, por exemplo, pais e tios orientam que essa criança ou adolescente releve o que foi feito ou dito pelo bem da reunião familiar que está em andamento. Esssa é a solução chamada de politicamente correta, evitam-se possíveis desentendimentos.

Contudo, o que não percebemos nesse momento é que, a medida que incentivamos essa criança ou adolescente ignore o problema, para que evite sofrimento ou um mal estar familiar, a privamos de perceber o que está sentindo como relevante e que gera sofrimento, e, dessa forma, ainda que sem perceber, ignoramos seu sofrimento, e passamos a mensagem que a melhor caminho diante de situações problema é a fuga.

Esse comportamento de fuga tende a se estabelecer no decorrer da vida, se essa criança ou adolescente, for exposta a orientações como essas frequentemente; e, com o passar do tempo, o que parecia ser uma proteção contra o sofrimento pode se tornar, como padrão, a autossabotagem.

A criança ou adolescente, pode ter a percepção de que seus sentimentos são irrelevantes, e que não importa se está sofrendo ou não sabe como lidar com esse momento, é preciso seguir em frente, como se nada tivesse acontecido, custe o que custar.

Não incentive a fuga! Ao contrário, o melhor caminho pode ser incentivar uma avaliação simples e objetiva de uma situação problema, onde a criança ou adolescente é incentivada a considerar alguns pontos muito imporatntes, como:

  • Qual o problema? Dar nome ao problema que está enfrentando, entender porque é um problema para ela, que sentimentos gera nela e que tipo de prejuízos pode estar trazendo para sua vida.
  • O que posso fazer? Quais as possíveis atitudes que pode tomar na busca de resolver esse problema, o que pode ser feito ou dito para agir da melhor forma.
  • O que pode acontecer? Fazer uma lista das possíveis consequências que cada atitude listada anteriormente poderia causar se colocada em prática.
  • Escolher uma opção e praticar. Dentre todas as opções listadas, escolher três ou quatro, que podem ser testadas, na busca da melhor solução para esse problema.
  • Avaliação. Considerar a prática das possíveis soluções, se funcionaram como previsto ou não, o que poderia ser alterado ou considerar outras possíveis soluções.

Dessa forma, a criança ou adolescente aprende a considerar não somente uma solução para o problema que está enfrentando, mas também a não agir de forma impulsiva, e considerar sempre as consequências de suas atitudes.

E, o mais importante, entende que o que está sentindo é relevante, deve ser considerado, e que a busca por resolver problemas é necessária e benigna para seu desenvolvimento e sua vida.

Por isso, não incentive seu filho a  fugir, ao contrário, incentive-o a avaliar a situação e buscar possíveis soluções. desperte nele o sentimento de segurança em suas capacidades, e, assim, previna que comportamentos de autossabotagem se tornem práticas diárias em sua vida.

Lembre-se sempre que você é o melhor exemplo para  seu filho sempre.


Ver mais artigos publicados por Natália Bianchini


Conteúdo relacionado