Rótulos... um perigo quase invisível!

É comum em nosso dia a dia rotular, dizemos que uma pessoa é preguiçosa porque ficou até mais tarde na cama, dizemos que um objeto é velho porque quebrou, dizemos que situações são menos importantes porque não nos atingem diretamente.

Na família os rótulos costumam ocupar um lugar quase de brincadeira, como uma piada feita após uma atitude de um dos filhos do casal, por exemplo.

Ao rotular uma pessoa, reduzimos sua importância e relevância a um único comportamento, que possivelmente nos incomodou bastante. E ai está o início de um ciclo que provavelmente gerará grande sofrimento.

Hoje pensaremos especificamente em crianças, adolescentes e jovens, que estão em fases de desenvolvimento biopsicossocial.

Quando os filhos apresentam um comportamento, seja ele adequado ou inadequado, é preciso olhar para além desse comportamento, e compreender assim que, esse comportamento está inserido dentro de um contexto que inclui a história familiar, o tipo de relacionamento que essa família tem, as vivências escolares, o momento que está vivendo e as emoções que estão envolvidas.

Podemos dizer então que um comportamento não é só um comportamento, mas o resultado de uma equação que por vezes é bem complexa.

Entenda que, por mais que seja quase um costume rotular pessoas, é necessário estabelecer novos padrões na família, pois o rótulo é muito mais que um apelido, e seu alcance é bem mais intenso.

Rótulos exigem muita atenção, pois seu alcance vai além, influência diretamente as crenças que essa criança/adolescente/jovem temn de si mesmas, produzindo novas crenças negativas que interferem diretamente no comportamento que essa criança/adolescente/jovem apresentará durante toda a sua vida.

Observe que o ato de rotular um filho da início a um processo de reconstrução do eu, pautado nas crenças negativas das quais se apropriou a partir dos rótulos recebidos.

O grande perigo é que, ao rotular, os pais deixam de observar e perceber o contexto físico, emocional e social que o filho está vivenciando, reduzindo-o ao comportamento inadequado apresentado por ele outrora.

Podendo gerar no filho o sentimento de não ser visto pelos pais, como se não fosse importante para eles.

Por isso, é essencial estar atento aos nossos comportamentos e falas com pais, para não darmos início a um processo doloroso que pode acompanhar a criança/adolescente/jovem por toda a sua vida gerando dificuldades e sofrimento.

Ao invés de rotular seu filho quando ele apresentar um comportamento inadequado, tente encontrar formas de perceber o que ele está sentindo, que situação motivou esse sentimento que conduziu a essa ação; e, assim, busque acolher seu filho de modo a demonstrar a importância que ele tem para você e o quanto acredita que ele pode lidar com essa situação de outras formas.

Essa pode ser uma oportunidade de conectar emocionalmente com ele, e buscar junto a ele outras possibilidades para lidar com seus sentimentos e vivências.

Lembre-se sempre que por mais independente que seu filho demonstre querer ser, ele ainda precisa do seu acolhimento, orientação e suporte.

Até mais....


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