Antes de encontrar uma solução para a ansiedade, esse sintoma que vem afligindo tantas pessoas nesses últimos tempos, acho importante primeiro contextualizar e começar pelo que pode levar à essa condição de mal estar e apreensão constante.

Acredito que haja 2 causas principais da ansiedade:

♦ Uma gerada a partir de uma dinâmica social que exige velocidade no alcance de um sucesso que é medido pela performance externa.

♦ Outra advinda da atitude individual de não enfrentar os seus conflitos, emoções e aspectos reprimidos (sua sombra), negligenciando a sua alma.

     Ambas as causas são consequências de um estilo de vida marcado pela esterilidade existencial (consumo como fonte de afeto e satisfação, objetificação das pessoas, competitividade exagerada, etc) e da alienação coletiva contemporânea a respeito da natureza humana (percursos psíquicos e emocionais que são atemporais, universais e inevitáveis, aos quais todas as pessoas estão predispostas). 

     Vivemos a ideologia da urgência e do progresso, então fatalmente seremos pressionados para o consumo e para o cotidiano atarefado. As exigências por resultados palpáveis e visíveis são a base dessa lógica. Os valores que sustentam essa ideologia são o imediatismo, a agilidade, a competição, a “leveza”, a flexibilidade, a mudança constante, a liquidez, a objetificação. A mensagem transmitida é a de que não há mais como ter certezas a respeito de nada, afinal tudo pode mudar de repente, principalmente por conta da tecnologia e instabilidade econômica. A sensação é de que há muita coisa a ser feita e não se sabe por onde começar.

     Dessa forma, precisaríamos nos perguntar: Neste contexto, tem como não ficar ansioso?

    É meta para cumprir, patamar para alcançar, produtos para comprar, cursos para terminar, sonhos para realizar.. o tempo está passando e os resultados precisam aparecer. A ansiedade é praticamente um sintoma inevitável nesse contexto de supervalorização da vivência exteriorizada. Mas então como estruturar uma mente e alimentar uma alma que se adapte e não sucumba a esse bombardeio de demandas e exigências de performance física, intelectual, financeira, profissional e até espiritual?

     Talvez a tecnologia esteja alterando um pouco a nossa noção de tempo, porque basta um toque na tela e um novo mundo se abre e as imagens que surgem mostram resultados e não trajetórias. E quando se trata da psique humana, das transições que passamos na vida, do amadurecimento e autoconhecimento, não basta tocar na tela. É preciso aprofundar, se debruçar, ter paciência, porque as mudanças internas precisam de calma pra desabrochar. 

     Quando sentimos ansiedade estamos nos antecipando a uma situação. Essa precaução é interessante pra evitarmos imprevistos, nos organizarmos e termos um certo controle sobre o que está por vir. Mas quando se torna crônica, há um gasto de energia enorme que acaba atrapalhando a fluidez da vida. 

  Por experiência própria eu fui percebendo que as verdadeiras transformações levam um tempo para florir e se dar conta disso ajuda a diminuir a ânsia pela chegada no destino e a curtir mais o caminho até lá.

    *Se você se sente constantemente inquieto, preocupado, com medo do futuro, agitado, com dificuldades para se concentrar e apresenta sudorese, taquicardia e tonturas, procure ajuda e fique atento a respeito do ambiente no qual você vive, para que esses sintomas não se tornem crônicos e prejudiquem o seu bem-estar  e a sua saúde emocional.

 

Bruna Prochnow.

Psicóloga Clínica - CRP 06/140066

www.psiquevida.com

 


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