Já reparou como muitas vezes somos profissionais em “empurrar com a barriga”? Nos rendemos às exigências do mundo exterior, fazemos aquilo que é esperado de nós e priorizamos aquilo que os outros definiram como prioridades. Raramente pensamos seriamente sobre o quanto realmente queremos dizer o que dizemos, fazer o que fazemos, estar com quem estamos, comprar o que compramos... Só vamos! A qualquer custo tentando atingir as expectativas impostas, a amiga, o filho, a filha, o profissional, a esposa perfeita, sem defeitos.

 

Eu colapso, tu colapsa, nós colapsamos

Porém, sustentar tantas exigências internas e externas pode custar muito caro pra nossa saúde mental. E, muitas vezes, deixamos chegar a um ponto em que o único caminho para a libertação é a crise! Quando colapsamos muitas coisas podem acontecer: simplesmente não queremos ver ninguém, entramos em tristeza profunda ou ansiedade exagerada, comemos demais ou não comemos nada, ficamos paranoicos, traímos, brigamos, rompemos subitamente com os paradigmas da vida cotidiana. Fica pesado demais pra carregar!

 
 
CONSERTO RÁPIDO OU PACOTE COMPLETO?
Com certeza uma crise não é uma situação simples de se lidar. Não é à toa que a primeira reação seja a medicalização do problema para ELIMINAR a crise, tudo voltar ao NORMAL e a vida recomeçar.
Mas, o que acontece é que ao "consertarmos" o problema de forma rápida e com o mínimo de dor possível, perdemos uma grande oportunidade de compreender o que está por trás da crise.

Ela é muito mais que um mal-funcionamento, é acima de tudo um APELO OCULTO POR SAÚDE, ainda que expresso de um jeito confuso. Ela é uma ação anarquista que nosso corpo precisa tomar para chamar nossa atenção para alguma coisa que estamos negligenciando.

 

A mensagem dentro da crise

Uma crise é uma forma de a parte mais determinada de nós mesmos forçar outra parte mais preguiçosa a fazer uma ESCOLHA, já que essa parte vem se recusando por tanto tempo a olhar para assuntos que são de extrema importância e que já não podem mais esperar. Inclusive, a palavra "crise" vem do grego krísis que significa: distinção, decisão, sentença, juízo, separação.

 Ou seja, se simplesmente medicalizamos a crise e tentamos pôr um fim a ela de uma vez por todas, corremos o risco de perder a mensagem embutida na situação. A crise não é apenas dor, embora traga dor; ela é uma oportunidade super valiosa de aprendermos mais sobre nós mesmos. O que ela vem nos mostrar, acima de tudo, é que as coisas não podem mais ser como antes, que devem mudar, à custa de nossa saúde!
 
 
Como chegamos a tal ponto?

O motivo pelo qual entramos em crise é que, normalmente não somos muito flexíveis. Muitas vezes olhamos apenas em uma direção e não enxergarmos os lados, as possibilidades, as outras perspectivas. Temos necessidades, desejo, prioridades que talvez devêssemos levar mais a sério, mas as deixamos de lado como se não tivessem importância. Nos recusamos a dar ouvidos a uma tristeza em particular e adotamos uma positividade rasa. Nos recusamos a encarar de frente nossas limitações nos relacionamentos, escondemos desejos ocultos sob a ameaça social de sermos marginalizados e vistos como inconvenientes e esquisitos.

A crise representa o desejo por um crescimento que não encontrou espaço para se expressar de outra maneira.

É um sábio alerta para nos ouvirmos mais e nos censurarmos menos. Se o escutarmos podemos, por exemplo, perceber um pedido para mais tempo pra relaxar, por relacionamentos mais próximos, por uma revisão da vida profissional, por uma vida mais simples, por aceitação de quem realmente somos, por mais música, por mais arte, por mais cor, por mais dança, por mais vida real...

 
 
A enfermidade é o início da cura! Na verdade, não adoecemos, já estávamos doentes há muito tempo antes de a crise explodir. A crise é apenas um convite, um tanto quanto desengonçado, mas muito inteligente, para nos desintoxicarmos de situações nocivas e reconstruirmos nossas vidas em bases mais autênticas e saudáveis.
 

E aí, essas coisas fazem sentido pra vc?


Darlene Cristina 

Psicóloga Humanista (Gesltaltterapia, Terapia dos Esquemas)

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