Com alguma frequência, pessoas ouvem e repetem afirmações sobre o trabalho psicoterapêutico sem ter a real noção dos objetivos, possibilidades e limitações que o atendimento clínico em psicologia oferece. Desta forma, inverdades são perpetuadas, sem que sobre elas se lance um pensamento crítico.

Listarei abaixo algumas afirmações desta natureza, com a proposta de pensarmos o quanto elas, na verdade, limitam nosso caminhar no sentido de uma vida mais plena e harmoniosa.  

“Terapia é coisa de maluco”!

Sim, pessoas com transtornos psicológicos graves podem se beneficiar de psicoterapia.

Mas, quem não tem diagnóstico psiquiátrico, quem está sofrendo com um conflito existencial e quem busca autoconhecimento também.

E “coisa de maluco” é uma das formas de expressar o desconhecimento generalizado sobre saúde mental.

“Terapia é coisa de gente fraca”.

Psicoterapia é um processo que demanda capacidade de introspecção, persistência... e coragem.

Enquanto clientes, somos convidados a olhar com mais atenção para partes nossas que não nos enchem de orgulho, que nos assustam. Gastamos boa parte do nosso tempo e energia evitando contato com elas.    

Somos convidados a nos responsabilizar por nossas escolhas e desejos e isso nem sempre é fácil.

Psicoterapia é uma jornada que fazemos rumo ao desconhecido, na companhia atenta e solícita de um terapeuta.  

“Terapia é pra rico”.

Em nosso mundo, tudo tem um preço. No valor financeiro de uma sessão de psicoterapia, muitos fatores entram em jogo para o profissional determinar seus honorários:

Aluguel ou sublocação do espaço de atendimento, gastos de internet, gastos com materiais diversos, supervisão profissional, cursos de aperfeiçoamento, entre outros.

No entanto, mesmo reconhecendo a justeza do profissional poder determinar seus honorários, nem sempre eles são acessíveis à boa parte da população.

Por isso, existem os atendimentos sociais, normalmente realizados em universidades ou por coletivos e instituições que buscam atender a pessoas de baixa renda financeira. Além da rede pública.

Não é “coisa de rico” buscar psicoterapia para lidar com o sofrimento psicológico. É priorizar a saúde. É direito de todos.     

 “Não preciso de terapia, tenho a minha fé”.

Psicoterapia e espiritualidade não são ideias conflitantes. Ao contrário, várias escolas da Psicologia abordam a importância da religião para a experiência humana.

Entre estas podemos destacar a Psicologia Transpessoal de Abraham Maslow e a Psicologia Analítica de Carl Jung.

É uma compreensão equivocada, acreditar que a pessoa religiosa prescinde de, em algum momento de sua vida, buscar psicoterapia.

Quando você é acometido de uma virose, por exemplo, deixa de ir ao médico porque tem religião?

Se você tem uma doença crônica que exige cuidados e medicação constantes, você deixa de tomar os remédios porque tem uma religião?

Alguns acreditam que a psicoterapia conduz a “soluções mundanas” que nos “afastam de Deus”.

A psicoterapia nos convida a mergulhar no que é verdadeiro em nós. Se nossos valores espirituais forem realmente genuínos, eles permanecerão. 

Que outras frases você conhece que lhe afastam do encontro com o seu processo terapêutico? Reflita sobre elas. Este é o convite que faço a você.  

 


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