O conceito inicial do termo resiliência é proveniente das áreas da Física e da Engenharia, atribuída em 1807 ao cientista inglês Thomas Young. Trata-se da capacidade de um material voltar ao seu estado normal sem sofrer grandes defeitos após sofrer uma forte pressão.

O estudo da resiliência na Psicologia é relativamente recente, introduzido nos idos das décadas de 1960 e popularizado graças à figura do psiquiatra britânico Michael Rutter. Inicialmente, Rutter trouxe os conceitos de invulnerabilidade ou invencibilidade para se compreender a resiliência com um olhar psicológico. Tal entendimento está atrelado a “uma resistência absoluta ao estresse, uma característica não sujeita a mudanças”. (POLETTO; KOHLER, 2006).

Em se tratando de seres humanos, estudos nesta área ao longo dos anos acabaram por sacramentar que a resiliência, por se tratar de uma habilidade específica de superar adversidades, é um fenômeno complexo e multifatorial. Conclui-se então que há certa ingenuidade ao conferir um fim incólume a uma experiência estressante, uma vez que a experiência do indivíduo é única, levando-se em conta sua historicidade vivida e os recursos ambientais, físicos e psíquicos disponíveis no momento do evento em questão, tudo isto para dar conta do experienciado.

Levando-se em conta a perspectiva sistêmica do indivíduo, entendemos que o mesmo é um subsistema global aberto, ou seja, incluído em e interagindo com outros subsistemas como a família e a sociedade, por exemplo. (GINGER&GINGER, 1995). Esta dinâmica inter-relacional funciona através de uma organização deste todo, bem configurada, de modo a manter “ o mínimo de tensão e instabilidade e um máximo de harmonia e estabilidade internas “. (MARTÍN, 2007)

Cardoso (2007) afirma que o ser humano está constantemente experienciando momentos de desequilíbrio oriundos de diversas necessidades e geradoras de tensão ao interagir com o ambiente, o que mobiliza o organismo no sentido de buscar o equilíbrio homeostático, ou seja, de buscar uma necessidade soberana de auto-realização através da concretização de seus desejos.

A prática da clínica psicológica entra em cena quando há a escolha de o ser humano examinar a própria vida interior, entrando em contato com o peso do arquetípico emergente em suas crenças e decisões, simbolizando-as e desse modo expressando as suas experiências e expandindo o próprio psiquismo, dando-lhe autonomia para criar e concretizar novas formas de ser e estar no mundo (ZINKER, 2007).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

POLETTO, M. & KOLLER, S. H. - Resiliência: uma perspectiva conceitual e histórica In: Dell´Aglio, D.; Koller S. H.; Yunes, M. A. - Resiliência e Psicologia Positiva: interfaces do risco à proteção. - 1a. Edição – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p 19-43

GINGER, S. & GINGER A. - Gestalt: uma terapia do contato – São Paulo: Editora Summus, 1995

MARTÍN, A. - Manual prático de psicoterapia gestalt – Petrópolis; Editora Vozes, 2011.

CARDOSO, C. L. - Homeostase In: D´Acri, G.; Lima, P.; Orgler, S. - Dicionário de Gestalt-terapia: “ Gestaltês” - São Paulo: Editora Summus, 2007.

ZINKER, J. - Processo criativo em Gestalt-terapia – São Paulo:Summus, 2007.

 

 


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