O mês de setembro foi escolhido como o mês de prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo. Isto dá abertura para refletirmos sobre um assunto que é tão delicado e tão difícil de ser abordado por boa parte das pessoas, mas ao mesmo tempo tão presente. Segundo a OMS ocorrem um milhão de mortes por suicídio por ano, sendo que, para cada morte, existem 26 tentativas. Estes números mostram a importância de se falar mais sobre o suicídio.

Karina O. Fukumitsu, em seu livro ‘A vida não é do jeito que a gente quer’ (2016), aborda de forma clara esta situação: “A constante fragmentação pode desembocar em crise. A partir da crise, aos poucos a pessoa se afasta de quem conhecia ser. Destroçada existencialmente, o suicídio surge como possibilidade [...] Sem se apoderar de sua história e sem se reconhecer mais, afasta-se do próprio critério e da capacidade de julgar o que é bom ou o que é ruim. Autoriza, portanto, que o essencial seja desrespeitado, roubado, sequestrado, violentado, abusado e desvalorizado. Sozinha e isolada, algumas indagações, tais como, ‘Quem sou eu afinal? ’; Qual é o sentido de tudo isso? ’, passam a clamar por respostas. Convenhamos que tais questões exigiriam mais tempo, calma e paciência para serem respondidas, mas a pessoa em processo de morrência não deseja esperar, por não ter mais tolerância existencial, o que provoca um grau de sofrimento maior”.

Diante desta situação, é importante que não façamos julgamentos, não culpemos e não ofendamos quem está passando por esse tipo de situação, pois a pessoa já está fragilizada, com sentimentos de inferioridade, submissão e derrota, enfim, uma dor insuportável. Desse modo, ouvir xingamentos, palavras desagradáveis e julgamentos, não irão ajudar em nada. Ao contrário, esse momento pede acolhimento e uma escuta amorosa para que a partir disso, se consiga buscar ajuda especializada. Pois, por vezes quem está vivenciando esse tipo de sofrimento não consegue buscar ajuda, e necessita de todo apoio de sua rede de contato.

Por isso, o acolhimento e uma escuta amorosa são essenciais diante dessas situações. Abrir esse espaço de acolhimento de escuta e de fala com os filhos, com o companheiro (a), com quem está próximo permite que possamos olhar e cuidar de situações difíceis sem que elas cheguem a um extremo.

 

Débora Rafaelli

Psicóloga Existencialista e Arteterapeuta

Face: Ser com sentido

E-mail: debora.rafaelli@yahoo.com.br


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