Você já parou para pensar sobre qual é o propósito da vida?

Quando estamos imersos na consciência coletiva, seguindo os padrões impostos a nós desde a cultura que alimentamos, passamos a acreditar que estamos aqui para trabalhar, produzir, consumir, acumular bens e relacionamentos, feitos e fatos, preservar nosso corpo físico com a aparência jovem pelo maior tempo possível,  alcançar altos padrões sociais (sejam de uma vida financeira aplaudida ou de um corpo perfeito ou de uma imagem adequada a moda do dia, ou ao discurso politicamente correto, nas redes sociais,). É o mundo do Ter, onde temos pressa, perdemos o fôlego e o sentido...

Nada contra buscarmos uma vida financeira confortável, que nos proporcione qualidade de vida, ou um corpo saudável, onde você se reconheça e se sinta bem ou se vestir de acordo com seu gosto e sua personalidade, de modo que fique à vontade com você mesmo, gostar da beleza ou trabalhar, produzir e consumir (desde que com consciência). Mas será que é só isso? 

Acredito que isso seja somente a base de uma pirâmide de necessidades humanas. Uma base nos dá sustentação, estrutura. A base é o Ego/eu: organizado a partir da satisfação de suas necessidades básicas de sobrevivência, segurança, auto conceito e auto estima. Isso é importante! Mas não somos só essas necessidades básicas...

Segundo Carl Jung, o ser humano é dotado de um "instinto de realização de Si- Mesmo", uma ânsia de totalidade e de plenitude, uma força que nos impulsiona para o Ser – isso mesmo, em contraposição ao Ter.

Por meio desta força, transcendemos o Ego e caminhamos em direção a uma renovação constante de nosso valores individuais e coletivos, através da crescente ampliação de nossa consciência, da compreensão sobre nós mesmos, sobre nossas relações com o outro, com a vida, com a cultura em que vivemos...

A vida se torna mais significativa quando buscamos Ser, pois passamos a nos sentir parte de algo maior do que nós mesmos. Gera aprendizado, crescimento.

Se estamos vivendo somente com base no Ter, os movimentos da Vida,  as mudanças que ela trás,  são vividos com muita dor.  Sentimos as mudanças como empecilhos, castigos, algo errado que vem atrapalhar o nosso caminho. No Ter, estamos apegados demais ao que acreditamos ser a vida, de modo que fica mais difícil aprender com o que a vida de fato é...

Assim como o Universo está sempre em expansão (sempre recriando a si mesmo), a finalidade da vida inclui a aquisição individual de uma consciência progressivamente mais ampla. Lidando conscientemente com nossos conflitos internos e com os grandes paradoxos da existência humana (prazer e dor, morte e vida, luz e sombras, amor e medo, etc) também nos recriamos.  

Estamos aqui para evoluir! Cada pessoa, individualmente, transformando a consciência através da relação com o Si -Mesmo, transforma também a consciência coletiva. 

Diferenciar-se do coletivo, da massa, do senso comum, das mídias, dos apelos externos sobre quem devemos ser e como devemos viver, sobre o que deve ser importante ou não, sobre o que tem valor ou não. E começar a perguntar a si mesmo: o que é importante para mim, hoje? O que é essencial na Minha Vida, hoje? O que me alimenta, o que me faz sentir Inteiro, Vivo, feliz? O que faz meu coração vibrar de alegria? 

Na maior parte do tempo, corremos entre tantas demandas externas, que esquecemos de Ser. Então vem a falta de energia, a angústia, a ansiedade, a tristeza, o sentimento de falta de sentido para a vida ... A maior parte  do tempo em que nos sentimos sem energia não é porque fizemos muito, mas porque fizemos pouco do nos faz sentir vivos!

Somos educados para servir as demandas do externo e não às necessidades do nosso Ser (na totalidade). Fomos nos perdendo de nosso próprio ritmo ... e seguimos o ritmo do Outro. 

Muitas vezes, temos dificuldades em organizar nossa base (trabalho, sobrevivência, segurança, organização da vida cotidiana), porque estamos desconectados do Ser e nos sentimos perdidos quanto ao proposito disso tudo que buscamos. 

Este é um trabalho gradual, que passa pelo enfrentamento dos nossos medos, inseguranças,  da baixa autoestima, da necessidade de reconhecimento e aprovação... e também pela tomada de consciência das crenças e condicionamentos que têm nos mantidos presos a valores que não correspondem a nossa verdade. Caminho de autoconhecimento.

Sentir que somos parte de uma Vida maior do nós mesmos (que já existia séculos antes de nascermos e continuara existindo séculos depois de nossa partida final).

Redescobrir o que nos faz sentir vivos e sentir que estamos vivendo de verdade, pulsando com a Vida em nosso próprio ritmo... 

 


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