Nestes últimos dias, coincidentemente ou não, tenho tido contato com diversos casais que se separaram. A pergunta deles sempre é a mesma: O que eu faço agora? Conseguirei sobreviver? Bom seria que não houvesse a separação! Acredito que o casamento pode durar por toda a vida. A Rainha Elizabeth e o príncipe Philip, estão casados desde 1947, e completarão 70 anos de união. Conheci casais que completaram 75 anos. Então, sim, é possível!
Algumas pessoas não acreditam nisto, porque, às vezes, sentem-se frustradas nas suas expectativas com o casamento, com experiências decepcionantes. O casamento é escolha que requer muita dedicação. Um projeto que exige renúncia e elevado investimento.
O casamento é o início de todas as famílias. Algo extraordinário, porém, pela dureza de nossos corações, surgem as separações. São diversos os motivos: traições, dificuldades financeiras, incompatibilidade de gênios e até sexual e por aí se vai...
Mas o que fazer quando “não há” o que fazer, quando me separar?
Respondo às pessoas as quais tenho oportunidade de orientar, e de conversar, que o fim do casamento é como o luto por alguém que morreu, a diferença é que, a qualquer momento, pode-se dar de cara com o ex-cônjuge.
A união do casal os faz uma só carne. A intimidade do casal é algo profundo. Apesar da banalização do sexo (da intimidade) em nossos dias, o que deveria ser o ápice da ternura, se tornou o fim de um encontro... Quando essa carne é “separada” fica uma ferida. Essa ruptura demanda tempo para ser curada, cicatrizada, e isso exige cuidados e tratamentos.
Quero propor algumas dicas que considero importantes. Minhas dicas se baseiam no início de uma nova etapa da vida. Se realmente a separação é a única opção neste momento, então a pessoa deve se cuidar.
1° dica é: Cuide-se!
Tanto o homem quanto a mulher precisam de saúde para sobreviverem. Na separação, este é o primeiro item que, imediatamente, se deixa de cuidar.
Oriento sempre, principalmente as mulheres, que continuem seus cuidados pessoais, procurando se alimentar bem. Descanse (durma) e faça atividades físicas, não necessariamente uma academia, mas pode ser caminhada, andar de bicicleta, enfim, algo que lhe proporcione bem-estar.
Nessa fase da vida, muitas pessoas separadas entram em estado de profunda tristeza, o que pode levar a depressão. O sentimento de bem-estar ajuda a evitar a depressão.
2° dica: Evite o isolamento social.
Curta os amigos! Visite-os e receba-os em sua casa. Às vezes, dependendo da sua historia, pode existir vergonha, raiva, ódio, saudade, solidão, é uma mistura de sentimentos que devem ser cuidadosamente avaliados. Neste aspecto bom é ter amigos “verdadeiros” e construir novos laços. Por isso também, é muito importante, enquanto estiverem casados, não se afastarem dos amigos. Continuar cultivando os relacionamentos para que, no momento necessário, ter em quem confiar ou um ombro de apoio.
3° dica: Não procure um novo relacionamento.
Não quero dizer ficar sozinho para o restante da vida. É não se envolver imediatamente, antes de construir seu luto. Por quê? Porque na vida, precisamos dar um passo de cada vez. Ao iniciar um relacionamento de imediato, não terá tempo de reflexão de eventuais erros, e onde se pode melhorar. Na verdade, observo que, ao se separar, as pessoas têm o hábito de culpar sempre o outro. Há um ditado popular: “Quando um não quer, dois não brigam”. Sempre temos parcela de culpa numa discussão. Neste caso específico, na separação.
4° dica: Mude seus hábitos.
Isso mesmo: mude os hábitos! Evite trazer lembranças dos dias de sofrimentos. Por exemplo: se você sempre cozinhou, então alterne e vá comer fora. Se informe de uma cantina ou pequeno restaurante familiar e almoce por lá uma vez e outra. Inove! Almoçando na sua casa, invente uma salada e saboreie com ela. Use os temperos diferentes que você comprará na feira. Se você nunca cozinhou, então compre panelas novas! Acesse o Google e pesquise receitas que tenha vontade de comer, e sempre deixou para depois, sempre protelou em tentar fazer. Arrisque! Você gostará. Mude seus hábitos.
5° dica: Valorize sua família.
Viva a intensidade de ter uma família para servir como seu refúgio e sua fortaleza. Sei que há pessoas difíceis de lidar. Se forem, então escolha amigos ou novas amizades para você adotar como sua família. Mas, lembre-se de sempre voltar para seu lar! Uma vez ou outra durma na casa de seus pais, mas que seja algo raro.
Estes são meus conselhos. E espero que estas dicas sirvam para você recomeçar sua vida. As tempestades e vendavais surgem e a travessia do deserto da separação conjugal não é fácil. Mas, é uma travessia, e não uma moradia. O quanto depender de você, evite a separação. Mas, se não houver como, então cuide-se nesse processo difícil. Afinal você ainda tem vida e história pela frente!
Autor - Jonathan Mazetti psicólogo especialista na área familiar e casais.
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