Nesta semana relembra-se a luta que perdurou por muitos e muitos anos e que ainda encontra-se em dilema: 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial. Com o passar dos anos muito se debateu sobre os métodos “terapêuticos” a serem trabalhados no âmbito da saúde mental. Terapias, medicamentos, espaços. Todos fazem parte de um mesmo plano que diz respeito ao que um terapeuta indicará àquele que busca ajuda.

Mesmo que esse dia represente um marco no âmbito da saúde mental, ainda escuta-se por de trás das paredes um grito de socorro, um “me ajuda”. O mundo de hoje mudou e, por mais óbvio que pareça, o mundo de amanhã será diferente. Não sabemos como, mas as informações correm muito rápido e quanto mais o mundo se transforma mais se exige que as pessoas acompanhem tudo em tempo real, e ainda tenham tempo para postar que estão felizes. Devem saber de tudo, estar em todos os lugares e colocarem-se em perfeita forma no dia seguinte. Há um trecho do livro “Mentes Depressivas” que considero muito feliz por parte da autora: “apesar de nossa evolução tecnológica, nosso cérebro ainda é o mesmo e se defende como se habitássemos cavernas e lutássemos contra outros animais. Nossa luta diária não é mais contra predadores hostis, e sim contra nossas rotinas insatisfatórias e frustrantes”.

Se tomarmos a palavra “Manicômio”, talvez a primeira ideia que surja em nossa mente é de loucura. Sobre o termo, o próprio Foucault em “História da Loucura” não chega a um preciso consenso sobre seu significado. Talvez a ideia mais comum seja de que loucura é aquele comportamento ou fantasia que foge dos padrões de normalidade socialmente aceito. Entretanto, quem nunca sonhou acordado ou cantou no chuveiro enquanto estava sozinho? Quem nunca fez algo que em certa ocasião colocava em risco a própria segurança? Quem nunca foi zombado pelo comportamento bizarro?

A verdade é que sendo ou não loucura, o que temos certeza é de que existe exaustão, ansiedade, dor, a tentativa de um modo mais fácil de fugir da realidade que machuca, do sentir-se desamparado e tantos outros estados do ser que podem chegar até em uma doença, mental ou física e que certamente necessita de uma alma preparada para ajudar. A luta antimanicomial sempre deverá ser uma batalha a ser travada sobre as instituições de pedra e de ideias, pois ao olharmos para dentro de nós podemos deparar-nos com uma prisão que nós mesmos criamos.

Sendo assim, tudo o que vivemos faz parte da construção do nosso ser na forma em como pensamos e agimos, os pensamentos que escondemos também faz parte de nós. De algum modo as situações fluíram de modo que no momento você possa estar se sentindo satisfeito ou não, talvez frustrado ou empolgado, a questão é que somente você pode conhecer a si mesmo. Uma boa maneira de exercitar a saúde mental é através do amor, pois como já disse um sábio druida, “só o amor nos ensina a arte de ser livre e de libertar os outros”. Muito se fala na semana da Luta Antimanicomial sobre a ineficácia em um “tratamento” a base de prisão e maus tratos, como diz a história. Por fim, deixo a pergunta: será mesmo que você não vive dentro da própria prisão?

 

Forte abraço.

 

Leandro dos Santos – Psicólogo CRP 12/19499


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