Quem me acompanha sabe que eu não atendo crianças e adolescentes, mas trato de vários pacientes que são pais e que identificam que os filhos têm vários comportamentos ansiosos o que lhes gera muitos incômodos e preocupações. Por isso, quero trazer neste texto algumas reflexões a esse respeito, mas já oriento a buscar um profissional da Saúde Mental, psicólogo ou psiquiatra, especializado em clínica infantil para entender o caso da sua criança especificamente.
Muitos genitores perguntam o porquê dos filhos serem ansiosos mesmo tão pequenos e sem preocupações “plausíveis”. Porém, a causa dos transtornos ansiosos infantis pode ser multifatorial, ou seja, tem fatores hereditários e ambientais diversos.
Para entender o contexto, é necessário identificar alguns pontos:
- Houve algum fator desencadeante (p. ex. crise no casamento dos pais, perda por morte ou separação, doença na família e nascimento de irmãos)?
- Como a criança se desenvolveu? Qual é o seu temperamento? (p. ex. é muito tímida)
- É muito apegada aos pais? E os cuidados destes (ex. há presença de superproteção)?
- O comportamento tido como ansioso é limitante e atrapalha as atividades rotineiras da criança?
A partir disso, vamos aos comportamentos ansiosos que devem ser observados e acompanhados pelos pais e/ou responsáveis para identificar se estão melhorando ou piorando com as intervenções, afinal a criança nem sempre sabe verbalizar que estão ansiosas e por isso não entende o que está acontecendo:
- Preocupação fora do normal, excessiva e nos mais diversos contextos
- Perguntas repetidas sobre o evento e em grande número, tentando prever as mais diversas possibilidades de algo dar errado
- Sono em excesso ou insônia e agitação para dormir
- Comer em excesso ou não ter apetite
- Fugir ou se esquivar da situação que está gerando ansiedade (p. ex. não querer ir para a academia de dança em dia de apresentação);
- Falas do tipo: “E se eu não conseguir?”, demonstrando insegurança e descrença nela mesma, precisando de reafirmação constante.
- Sintomas como dor de barriga, agressividade, irritação, dificuldade de concentração, choro frequente, falta de ar, dor no peito.
Quanto mais cedo os responsáveis por aquela criança perceberem os sinais, sintomas e mudanças de comportamento, mas rápido conseguimos evitar repercussões na vida dela, além de tratar a evasão escolar ou falta nos compromissos, bem como prevenir as idas ao médico devido a consequências da ansiedade. Sem contar que uma criança feliz e saudável é bem provável de desenvolver um adulto da mesma maneira.
Além disso, comportamentos ansiosos podem aumentar e extrapolar para outros contextos se não cuidarmos, ou seja, o que antes era só com a escola, pode se apresentar na família, no esporte ou no relacionamento interpessoal. O que antes era uma prova pode trazer dificuldades na vida financeira ou como conseguir um emprego.
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